Situada no norte da África, a Mauritâniafaz fronteira com o oceano Atlântico a oeste, com o Senegal a sudoeste, com o Mali a leste e sudeste, com a Argélia a nordeste e com o Marrocos a noroeste. Detalhe: a maior parte do território é coberto pelo deserto do Saara. Na Mauritânia os homens preferem mulheres mais gordinhas. A busca pelo “padrão obeso” é tão grande que algumas mulheres tomam remédios para engordar e até existem spa's de engorda. Tenho para mim que seria muito feliz lá, pena a comida não me ter encantado (nada, mesmo). Acreditem se quiserem, mas a Mauritânia foi o último país do mundo a abolir a escravidão, em 1981. No entanto, ao que parece, cerca de 20% da população ainda pratica este adorável hábito laboral.
A minha passagem pela Mauritânia não foi sem percalços, claro. A oferta de hotéis em Nouakchott é bastante limitada e como a nossa delegação levava vários membros "futebolisticamente relevantes", fomos convidados para ficar no complexo presidencial de vilas privadas, coisa que só de nome já deixa antever uma coisa assim a atirar para o chic e coiso. Só que não. Ou bem, até sim. Desde que chic não ande de mãos dadas com limpeza e outras coisas que eu considero essenciais, ora vejamos: A nossa vila, partilhada por três pessoas, era ostentosamente mobilada em estilo barroco, com quadros exuberantemente enormes espalhados pelas paredes e extensos e elaborados tapetes por todo o lado. A minha suite, era enorme, quase maior que o meu apartamento. Chegámos já tarde, dei as boas noites a uma colega que tinha chegado comigo e ala caminha. Eis que afasto o edredon (ia espalhar anti-mosquitos na cama, antes de me deitar) e o que é que encontro?
Nada. Isso, nada. O colchão estava coberto com um plástico, não havia lençóis. Nada. Ok, pensei que ainda não tivessem estreado a cama e lá fui em busca de lençóis. Como não encontrei nenhuns no quarto, antes de me aventurar pelo labirinto daqueles corredores infindáveis, decidi que era melhor por o telemóvel a carregar, que já estava em fim de vida. Só que não encontrava uma ficha em lado nenhum! Lá reparei que havia um candeeiro em cima da cómoda que devia estar ligado à electricidade porque dava luz, então toca de a arrastar para poder ligar lá o telefone. Arrasto a cómoda, que pesava para aí uns quinhentos quilos, e... surpresa! outros quinhentos quilos de cocó de rato me esperavam atrás dela!
Qualquer pessoa com o mínimo de coragem e desenvoltura teria cagado no assunto, é só uma noite, vamos mas é dormir. Pequeno probleminha: eu tenho FOBIA de ratos e roedores em geral. É só assim o meu maior medo, o mais incapacitante e o único que me deixa completamente às avessas. Consegui compostura suficiente para mandar uma mensagem à minha colega a dizer "há ratos no meu quarto, excrementos atrás de uma cómoda". A resposta que recebi foi a cereja no topo do bolo, ou o cagalhão no topo do monte, dependendo do nível de grafismo que procurarem: "excrementos na minha CAMA". Foi o suficiente para largar a correr porta fora em busca da minha colega e ela de mim. O que é que fazemos, o que é que fazemos, o quarto dela dez vezes mais nojento que o meu, mas ao menos tinha lençóis, mas estavam todos cagados, sabe-se lá que vidas fizeram os ratos em cima deles. Conclusão: vamos procurar lençóis e vamos as duas dormir para o meu quarto, em modo agora fico eu de guarda, agora ficas tu.
Escusado será dizer que não pregámos olho, ficamos as duas de guarda, sem mexer um dedo que seja fora do edredon, espremidas no centro da cama o mais longe possível da borda não fosse o diabo tecê-las. Bem-dita alvorada, assim que nasceram os primeiros raios de sol saltámos da cama, tomamos um duche corrido e sem nunca fechar os olhos (sabe-se lá onde andariam os ratos) e ala fora dali.
O dia foi ocupado e intenso e ainda assim, o balanço positivo. Fui muito bem recebida, as pessoas foram acolhedoras e muito atenciosas. Mas por esta altura já estava a ressacar de café (propriamente dito)... e ainda a missa não ia a meio.
Ao final do dia, regressámos ao avião e partimos para aquele que viria a ser o melhor destino de toda a viagem, o mais bonito, com a melhor comida e as pessoas mais amorosas. Mas fica para outra vez claro, que isto tem que se fazer render o peixe.
Faz por estes dias um ano (mais coisa menos coisa) que passei dez dias a viajar por África a trabalho. O reminder de uma foto de instagram fez-me pensar que metade das peripécias já se perderam nas linhas da memória e que se não registasse a outra metade o quanto antes, correria o risco de não mais me lembrar.
Foram 10 dias, 5 países e muitas noites passadas em aviões, mas vamos por partes.
A primeira paragem foi no Senegal, que faz fronteira com o Oceano Atlântico a oeste, com a Mauritânia ao norte e ao leste, com o Mali, a leste, e com a Guiné e a Guiné-Bissau ao sul. Um dos lugares mais curiosos do Senegal é o lago Retba, talvez o único no mundo onde a água é cor-de-rosa, resultado dos alto níveis de sal na água, que em alguns locais pode chegar aos 40%.
Fomos lá inaugurar um escritório local e quando aterrei em Dakar, a meio da noite, com a minha colega S., 60 quilos de bagagem cada uma e ninguém apareceu para nos vir buscar, já devia ter adivinhado o que aí vinha. Íamos carregadas com material para a inauguração e bolas de futebol e bandeiras e revistas e medalhas e mil e uma coisas. Sempre convencidas que o nosso colega no terreno nos ia buscar a ajudar com aquela merda toda. Mas alguém o viu? Nós não. Mil e uma chamadas depois, sem conseguir falar com ninguém, lá nos dedicámos à tarefa de encontrar um táxi. Fácil certo? Só que não. Não havia carro onde coubéssemos nós as duas mais a catrefada de malas. Todos os taxistas, que se sabe lá se eram taxistas mesmo porque o negócio dos táxis por lá é um submundo com vida própria, sugeriam que nos separássemos, cada uma a seu táxi. Iam vocês meter-se sozinhos num táxi manhoso a meio da noite em Dakar? Pois. Depois de muito discutir (felizmente falamos as duas francês), lá chegamos a acordo para irmos as duas no mesmo táxi e com malas até aos olhos. Entretanto, pelo caminho, a pessoa que nos ia buscar lá deu sinais de vida e acabámos à beira da estrada com o Everest de malas à espera que ele chegasse. Nessa noite (ou dia?) fomos dormir descansadas, a pensar que tinha sido só um percalço e o resto ia correr bem. Ah ah ah, inocentes. A estadia em Dakar correu sem mais percalços de maior, salvo com o nosso condutor que era um louco de chinelas, parente do Sena, e só não morremos 1492 vezes porque alguma mão divina nos amparou. Juro que em alguns momentos demos as mãos e dissemos adeus mentalmente às nossas famílias.
Dakar, do que vimos, é muito bonito, as pessoas amorosas e a comida maravilhosa.
De Dakar fomos parar a Nouakchott, na Mauritânia. Conto mais para a próxima.
Este blog regressou do além ao mundo dos vivos! Ou pelo menos está a tentar, a ressuscitar das profundezas, ali uma coisa a arrastar-se para fora do túmulo mas ainda em modo zombie.
O último post foi há um ano e meio, mais coisa, menos coisa. E que ano e meio foi este! Talvez isso possa servir de desculpa para ter escrito pouco, mas visto que não escrevi nada mesmo, não há desculpa que me salve.
O bom de tudo isto é que tenho muita peripécia para contar. O ano e meio que passou foi violento e, se querem saber a verdade, quase não dei pelo tempo passar. Foi essencialmente dominado pelo trabalho, muito trabalho, tanto trabalho que quase me custou tudo o resto. Saúde, amor, vida pessoal. Felizmente, fui a tempo de me aperceber que era demais e meti marcha-atrás.
Trabalhei muito é certo, e também por isso viajei muito, o que tornou a coisa menos sofrível. Assim por alto: Bahrein, Rússia, Índia, Reino Unido e França (muito), Estados Unidos, República Dominicana, Emirados Árabes, Senegal, Mauritânia, São Tomé, Nigéria, Tanzânia, China, Bélgica e Alemanha.
Vivi um mês e meio em Moscovo.
E confirmei aquilo de que há muito suspeitava: viajar é mesmo aquilo que mais gosto de fazer nesta vidinha e é para isso que hei-de trabalhar sempre.
Vivi um Mundial a partir de dentro, conheci-lhe as entranhas. Descobri os meus próprios limites físicos e psicológicos e percebi como é tão fácil chegar à beira do abismo, mas tão difícil encontrar forças para dar meia volta em vez de saltar. Vivi todas as emoções ao extremo, alegria e tristeza, euforia e desolação, orgulho e vergonha, amor e ódio, frustração e determinação, e sobretudo força. Força bruta e teimosia cega que me fez continuar a caminhar, às vezes arrastei-me, mas não parei nunca. Mudei (mudámos) de casa, tirei um MBA, fui promovida (aleluia irmãos!), arranjei (arranjámos) uma cadela tresloucada que é a alegria dos nossos dias. Fiz amigos novos que espero que fiquem para sempre.
No próximo mês vamos ao Peru - o realizar de um sonho para mim, um regresso a casa para ele.
Peripécias para breve (não, não deixarei passar outro ano e meio).
Estive fora 3 semanas. TRÊS semanas senhores. Num acto de loucura desmedida resolvi tirar três semanas de férias, aproveitando todo este período de transição que se vive aqui no estaminé em que tudo está um pouco em águas de bacalhau, antes do verdadeiro furacão de trabalho que vai ser Setembro. Assim, e com a ideia de recuperar e armazenar energias para o que aí vem, decidi fazer uma inédita pausa de 3 semanas.
E o destino escolhido foi, obviamente, o meu Portugal.
Dizia há dias a uma amiga que, quando em 2010 deixei Portugal, saí com uma sensação de "estou farta disto"... Com o passar dos anos, redescobri uma paixão assolapada pelo país, o meu país, e a saudade cortante das pessoas, da comida, dos lugares e do tempo, nunca mais me abandonou.
Tendo agora comigo alguém que também se rendeu aos encantos do belo Portugal, é com muito gosto que regresso a cada oportunidade que surja.
Assim, contava eu, na primeira semana rumámos a Aveiro do meu coração, para uns dias em família. Teria sido perfeito não fossem os incêndios na zona que me doeram na alma e afectaram a vida de pessoas que me são tão próximas.
De lá rumámos ao Algarve para uma semana de praia, barriga cheia e descanso com um casal amigo. E o que eu amo o Algarve, a água quentinha, a comida maravilhosa, as caminhadas de fim-de-dia e a constante animação que o Verão traz. Tivemos sempre um tempo fantástico com dias quentes e noites refrescantes.
No regresso e porque voávamos de Lisboa, ainda tivemos tempo para uma paragem de uma noite na capital, no nosso hotel mais que preferido. Vou poupar-vos os detalhes do episódio em que fui assaltada e quase tive um colapso ao ver-me sem documentos para viajar, porque felizmente consegui recuperar a minha carteira, de onde apenas me levaram o dinheiro, graçádeus.
E sim, apesar de tudo, Lisboa ainda continua no meu coração de manteiga.
Agora é tempo de regressar ao trabalho, à rotina e à loucura dos dias. Este tem sido um ano de muito trabalho. Das três semanas que tirei, todos os dias advieram das horas extra. Não usei nem um dia "de férias". A meio do ano já levava com 3 semanas de horas extra no lombo. Estava exausta e esta pausa soube-me pela vida. Pena que ao terceiro dia de trabalho os efeitos dos maravilhosos dias de dolce far niente já pouco se façam sentir.
Viajar para a Cidade do México e não ver absolutamente mais nada que o aeroporto, o hotel e os bares deste. Porque se trabalha das seis da manhã às dez da noite (isto num dia bom), Sábados e Domingos incluídos. Oh vida!
Março foi um mês bom, muito bom. E foi por isso que mal pus aqui as mãos.
Ora, primeiro trabalhei, muito. Desunhei-me. Afoguei-me em horas extra. Chorei algumas vezes. Comi que nem uma lontra para chorar um bocadinho menos. O trabalho esfrangalhou-me os nervos de tal forma que só o chocolate me ia safando.
Mas tudo isto com a mente nos dois grandes eventos do mês de Março. O aniversário do MQT que aconteceu a meio do mês e foi combinado com um fim-de-semana em Paris para lhe visitar a família, comer muito, ver os amigos e passear um bocadinho, pouco.
E depois... as tão, mas tão, mas tão merecidas férias.
Ainda em Janeiro decidimos que teríamos mesmo que tirar umas férias no final de Março, porque para mim, entre o Ballon D'Or em Janeiro, o Congresso Extraordinário em Fevereiro e o Congresso Ordinário em Maio, seria a única oportunidade de férias e eu calculei que se não o fizesse chegava a Maio e, já maluquinha de todo, atirava-me de uma janela qualquer. Depois, eu queria porque queria calor, praia, mar, bom tempo, boa comida e... um orçamento decente, porque já andamos a poupar para uma viagem grande nó início do próximo ano. E foi assim que decidimos ir a Phuket, na Tailândia, um bocado do-pé-para-a-mão.
Foi mais ou menos assim:
Envio um e-mail ao MQT a dizer "Queres ir à Tailândia?"
Ao que ele elaboradamente responde qualquer coisa como "Quero pois!" Não me perguntem, foi em Inglês, mas em Português é tão mais bonito.
E foi assim, confirmámos as férias como os respectivos bosses, marcámos o voo e depois o hotel, e pronto. Estava marcada a minha primeira viagem de longo curso. Sim, sou uma bimba do pior que tem medo de andar de avião e que nunca esteve pelos ajustes, que querem?
E a coisa até se deu melhor do que eu pensava. Nas semanas que antecederam a partida estava tão afundada em trabalho que, cada vez que o pensamento de passar onze horas enfiada num avião mal me passava ao de leve pela mente, eu chutava-o logo para um canto escuro e não mais me lembrava de tal coisa. Ainda assim, nos últimos dois dias, corajosa como sou, ainda paniquei umas 273 vezes, coisa pouca.
Vai-se a ver, a viagem passou-se num abrir-e-fechar de olhos, literalmente, porque assim que a criança histérica que há em mim correu tudo quanto eram filmes e jogos do computador do avião e sossegou, adormeci e só acordei para comer. Uma maravilha.
Já em Phuket, foi fantástico e maravilhoso e tudo o que precisávamos. Sol, calor, praias lindíssimas, comida deliciosa e pessoas tão mas tão acolhedoras e prestáveis que ainda pensei em trazer uma ou duas comigo só para me alegrarem os cinzentões dias suíços.
Claro que os dias passaram num ápice e pronto, tivemos que regressar. E eu que já vinha cheia de confias, ai que eu agora já sou uma expert e isto não vai custar nada, venha de lá esse avião. Pumbas, levei com seis horas de turbulência no lombo e vim o caminho todo a rezar aos santinhos para não nos estatelarmos dali a baixo. Foi bonito, foi. Juro que até houve momentos em que quase chorei, enquanto estrangulava o braço do MQT até fazer formigueiro. Esse queria lá saber, dormiu que nem uma pedra o caminho todo, eu bem que podia ter morrido do coração e ele nem para testemunha servia.
Enfim, chegados ao aeroporto de Zurique, depois dos devidos agradecimentos aos santos todos e de jurar que tão cedo não me metia noutra, recebo um e-mail do trabalho que começava assim "Itinerary to the 66th FIFA Congress 2016, Mexico, Mexico City". Obrigadinho, tá? Acabadinha de falar com os santos e é isto.
Da peça de teatro já toda a gente ouviu falar. E eu quero muito, mesmo muito dedicar uma semana a Londres e aos "caminhos" de Harry Potter. Quero ir a King's Cross, e ao London Zoo onde o Harry, pequenino, descobriu que conseguia falar com cobras. Quero fazer a Warner Bros. Studio Tour e passear no Leadenhall Market e claro, assitir às duas partes da peça.
Tenho adiado esta viagem por vários motivos, sendo que o principal se prende com o facto de não me conseguir decidir sobre se irei fazer a viagem sozinha ou se me dedico a procurar outro(s) Potterhead(s), como eu, que embarque(m) na aventura. No meu círculo de amigos ninguém partilha ou entende esta minha paixão, que é talvez a maior paixão simultaneamente literária e cinematográfica que já tive na vida. O MQT devorou os filmes depois de alguma insistência da minha parte e até nem se importa de os rever, mas fica muito aquém de um verdadeiro fã da saga. Eu vi todos os filmes, mais vezes do que aquelas que me atrevo a admitir, li os livros em Português e em Inglês, devorei todos os documentários que existem e estou neste momento em plena absorção nos livros-audio (em Inglês-britânico, maravilhosos!!). E acho que só faria sentido embarcar nesta jornada em Londres com alguém que sentisse tudo isto da mesma forma encantada e apaixonada que eu sinto. Assim sendo, vou adiando, com a plena consciência de que não poderei adiar muito mais sob pena de perder a peça (em cena até ao fim de Maio). Enfim, decisions, decisions...
Mas dizia eu que J. K. Rowling (e mais um par de autores) está de volta com a edição do script da peça Harry Potter and the Cursed Child e eu estou aqui quase em fanicos para que o livro me chegue às mãos. Sei que muitos puristas e conservadores desta praça dirão que não se deverá remexer numa saga que já se deu por acabada, que é só mais uma forma de continuar a fazer dinheiro e que tentar continuar seria estragar e outras coisas que tais. Mas eu não quero saber, tenho muita vontade de continuar a descobrir este mundo fantástico e de saber o que mais pode sair daquela cabeça de génio cuja imaginação parece nunca ter fim. E que venham mais sete!
Infelizmente vejo-me forçada a voar com a TAP mais vezes do que gostaria, mas juro, em dependendo de mim, nunca mais me punham a vista em cima.
Para além de ser uma das companhias aéreas mais caras da Europa (basta comparar o mesmo trajecto no site da TAP e da Swiss, algo que faço muitas vezes, para confirmar), sai-se de vez em quando com decisões destas, prepotentes e gananciosas. Como se os preços dos voos na época natalícia não rondassem já os limítes do ridículo...
Neste Natal, ide pró raio que vos parta, que nos vossos aviões é que eu não ponho os pés. Cambada de oportunistas.
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