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peripécias de zurique

peripécias de zurique

Como é que eu ainda não falei nisto?

Meu Deus, o tempo passa a voar e eu andava aqui com isto para escrever e nunca mais!

 

Fomos Campeões Europeus. Portugal. A Selecção Nacional. Os portugueses viram finalmente acontecer aquilo que tantas vezes nos escapou por entre os dedos. E eu...

 

Eu estive lá. Eu vi tudinho. Eu chorei com o Ronaldo, pelo Ronaldo. De tristeza, de raiva, de euforia, de felicidade, de um orgulho desmedido em vestir a camisola de Portugal. Cantei e gritei até perder a voz, bati palmas até me doerem as mãos e só quase morri do coração umas 479 vezes.

 

Estive sentada na bancada francesa. Era a única Portuguesa, de cara pintada e cores que não enganavam ninguém. E ao contrário do que muitos poderão ter sentido, eu fui bem recebida e pude experimentar um fairplay extraordinário e uma atmosfera realmente fabulosa da parte dos franceses.

 

Por outro lado, vocês não sabem, mas o MQT cresceu em França, numa família franco-peruana, que o educou de igual forma nos costumes de cada uma das nacionalidades. Assim, naturalmente, a França é a equipa que ele apoia. No entanto, desde que me conheceu e se apaixonou também por Portugal, apoia a Selecção Portuguesa de corpo e alma, com uma garra e uma paixão que não vejo em alguns Portugueses que conheço. Portanto, quando decidimos ir juntos ver esta final épica, foi por mútuo acordo que declarámos publicamente apoio às duas equipas, como já o tínhamos feito ao longo do de todo o Euro, festejando cada golo, fosse ele francês ou português. E ele celebrou o golo de Portugal, por muito que lhe tivesse doído naquele coração tão francês.

 

Fomos com o pai e a irmã dele, franceses até ao tutano, que não hesitaram em partilhar da minha alegria e euforia no final do jogo.

 

Porque o desporto é isto mesmo: amor, paixão e fairplay. É assim que é bonito, é assim que é bom. E para mim, para nós sobretudo, foi um momento único e que vamos sempre recordar com emoção.

 

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Ainda sobre o Ronaldo, que isto hoje é só facturar bons posts

Escreve aqui o brilhante Guilherme Duarte, do Por Falar Noutra Coisa (sempre na mouche!):

 

"Já tudo foi dito e escrito sobre a vida de Cristiano Ronaldo, mas as pessoas tendem a esquecer. As pessoas são invejosas e têm memória curta. Esquecem-se que vem de família pobre, quão pobre? Bastante. Mais do que a maioria. Esquecem-se que veio para Lisboa sozinho, aos 11 anos, para um mundo novo sem ninguém da família para o apoiar. Esquecem-se que chorou tudo o que tinha a chorar, à noite, na almofada, na academia do Sporting quando tinha saudades dos pais. Esquecem-se que ele trabalhou, diariamente, anos a fio, para chegar onde chegou. Dizem que ainda hoje é o primeiro a chegar e o último a sair dos treinos, fora as imensas horas extra que teve que fazer (e ainda faz) no ginásio para ter um corpo quase à prova de lesões. Esquecem-se que o pai lhe morreu cedo. Esquecem-se que foi com 18 anos para o Reino Unido. Esquecem-se que começou a ganhar balúrdios que não conseguimos imaginar, numa idade em que a maioria de nós ainda nem trabalha. Um rapaz dessa idade que decide levar os melhores amigos com ele para lhe fazerem companhia, para lhes dar uma boa vida e para o blindarem de novos amigos interesseiros que aparecem no horizonte sempre que a fama se faz nossa companheira. Alguém que faz isso é inteligente.

Portugal nunca deu valor aos seus heróis corajosos e confiantes. Pelo menos não depois da ditadura. Agora idolatram-se Zé Marias e falsas humildades. O Ronaldo é exemplo disso. "Porque ele é arrogante em dizer que é o melhor". Ouve-se este tipo de comentários várias vezes. Claramente que as pessoas têm uma noção de humildade retorcida. É como achar mais humilde aquele aluno que aquando da auto-avaliação diz que merece um "17" quando teve 20 em todos os testes, só para parecer bem, do que o aluno que diz confiante que merece "20". Esta é a noção triste de humildade que temos em Portugal. Para mim, humildade máxima é seres considerado o melhor do mundo, achares-te o melhor do mundo, e mesmo assim no dia a seguir seres o primeiro a chegar ao treino e tentares melhorar apesar de tudo e todos te considerarem o melhor do mundo. Isso é humildade. É ser-se o melhor, sabê-lo, e ainda assim tentar melhorar todos os dias.

"Ai porque ele só quer é pausar e preocupar-se com o cabelo e carros". A grande maioria já anda a gastar o dinheiro dos pais todos os fins de semana nos copos e depois vêm criticar como ele gasta o dinheiro que conquistou apenas e só com o seu suor? O Sporting tem mérito na formação do jogador e do homem que ele se tornou, mas o mérito é quase todo dele. Dele e da família, que bimba ou não, é muito mais família que as famílias de renome que tratam os filhos por você.

A inveja é fodida. A admiração tem sempre a sua quota parte de inveja. Há uns que se sentem inspirados e há outros, demais, que se inspiram a dizer mal. É fodido ele ser um dos portugueses que mais ganha dinheiro no mundo. É fodido ele ser o mais famoso português da actualidade. É fodido ele ter um corpo que todos queriam ter. É fodido ele ter 90% das mulheres do mundo a quererem saltar-lhe em cima. É fodido ele ser o melhor naquilo que faz e aquilo que faz ser uma coisa que 90% dos homens queria fazer. Eu tenho inveja dele, mas uma inveja cheia de orgulho de ser português."

E enquanto isso, o mundo pula e avança

Eu bem sei, desculpem lá mas tenho andado ocupada a festejar o fim dos exames (para todo o sempre!!) e a ver os jogos da nossa Selecção, que ainda que não tenha dado para festejar, também ainda não deu para chorar.

Quero mesmo é partilhar este post da Maria (a das Palavras) que é só assim a coisa mais acertada e coerente que li nos últimos tempos, não fosse ela a Maria das ditas, que é bem pessoa para me por palavras naquilo que penso e que tenho, inutilmente, vindo a tentar explicar aos desgraçados que têm o azar de me vir falar mal do Cristiano Ronaldo.

 

Diz então a Maria:

"Eu não compreendo, nem nunca compreenderei as pessoas (os portugueses) que odeiam Mourinho ou Ronaldo. (...)
E principalmente, neste caso de Cristiano Ronaldo, que alegadamente não faz um bom trabalho pela Seleção, porque toda a gente vê o seu sangue, suor e lágrimas por um país, que só sabe apontar para ele quando ele falha (gostava de vos ver lá todos, naquele lugar de pressão infinita). (...)
E porquê? Porque ele liga "mais" ao corte de cabelo. Até parece que já o vimos chorar por um corte de cabelo, como vimos em quase todas as retas finais dos nossos percursos nas grandes competições."

 

Eu não sou cá de merdas, mas já tive a oportunidade de trabalhar com o Cristiano, tanto como com vários outros jogadores desse leque restrito dos "melhores dos melhores", e tenho a dizer-vos que nenhum deles conseguiu nunca igualar a simplicidade no trato, a acessibilidade e a atenção para com os fãs que o Cristiano demonstra em cada evento, mesmo em eventos fechados ao público onde a presença de fãs não é suposta. O Ronaldo tem talento e reconhece-o sem falsas modéstias, a imprensa abusa e sai dos seus limites para o importunar, mas o Ronaldo da imprensa não é o Ronaldo dos fãs, e desculpem-me o cliché, mas cada um tem o que merece.

Um dia vais ver Luís Figo jogar outra vez

E hoje foi o dia. Depois de já ter perdido a esperança, nem nos meus sonhos mais audazes me imaginava a ver o ídolo futebolístico da minha adolescência jogar, ao vivo e a cores. E hoje, foi com grande expectativa que desci do meu escritório para o ver espalhar magia no relvado da Home of FIFA.

Falho muitas vezes a relembrar-me do quão privilegiada sou, do quão agradecida me sinto por ter um trabalho fantástico, onde cada dia é mais surpreendente que o outro e onde sou muito, muito feliz.

O Luís está bom e recomenda-se, com um brilho incomparável, um ar jovial e o talento que todos conhecemos. Para mim, o melhor de sempre.

A qualidade do vídeo foi a possível, entre a câmara rasca do telemóvel e o tempo manhoso. Só mesmo para mais tarde recordar =)

 

 

 

 

FIFA BALLON D'OR 2015 #2 , ou eu conto-vos como foi

E já passou. Passou a voar e foi extenuante, avassalador e muito, muitíssimo cansativo.

 

A minha função principal era ocupar-me dos dois apresentadores, James Nesbitt, actor (Hobbit, The Missing) e Kate Abdo, jornalista da Sky News. Recebi-os no aeroporto na sexta-feira de manhã e segui-os durante todo o fim-de-semana, do acordar ao deitar. Como o meu trabalho era essencialmente no backstage, acabei por passar os dias a auxiliar a equipa de produção e a trabalhar no programa de tv propriamente dito. Tanto o James quanto a Kate foram fantásticos, muito fáceis de trabalhar, acessíveis, simples e atenciosos. Ele é de um talento e humor admiráveis, ela uma força da natureza, com um nível de profissionalismo e um ritmo de trabalho contagiantes. Foi um prazer trabalhar com os dois.

Durante o fim-de-semana, ocupei-me ainda dos 2Cellos, o acto musical, mas no dia do programa, tive de passar a bola a outro, porque já não sabia para onde me virar como tanto trabalho.

 

Trabalhámos tanto, dormimos tão pouco, e o tempo passou a correr. A segunda-feira chegou num ápice. Acordei mais cedo que nos dias anteriores, e às nove da manhã já estava no Park Hyatt Hotel à espera da minha trupe. A partir daí foi sempre a correr, a ultimar preparativos e a acertar detalhes até às cinco, hora em que começou a passadeira vermelha. Antes do transmissão começar, fiquei encarregue de encaminhar os jogadores e convidados VIP para o auditório. Depois, fique essencialmente no backstage, a ajudar nas operações.

Foi a primeira vez que privei com os melhores do mundo, e se é verdade que foi um privilégio, é também um facto que o trabalho e a pressão me absorveram de tal forma, que foi fácil esquecer a importância das pessoas com quem ia falando. Claro que a maioria era bastante simples e acessível, o que ajudou bastante.

 

O momento alto da noite aconteceu quando entregaram o Puskas Award, que premeia o golo mais bonito da época. Este prémio já passou pelas mãos de estrelas como Cristiano Ronaldo, Neymar ou Ibrahimovic, mas este ano foi especial. O vencedor foi Wendell Lira, uma jogador de quem até então nunca ninguém tinha ouvido falar. Vindo do Vila Nova de Goiânia, um clube da segunda divisão brasileira, Wendell é uma pessoa simples, com uma vida normal e que nunca, nem nos seus sonhos mais audazes, se atreveu a imaginar que iria um dia pisar o mesmo palco que os maiores do mundo e muito menos disputar um prémio com Lionel Messi. Como o Wendell fala apenas português e nunca tinha vindo à Europa, eu estive em contacto com ele desde o primeiro minuto em que o nome dele entrou na lista de candidatos ao prémio para o ajudar a organizar a vinda a Zurique. Fiquei rendida à humildade das palavras, à simplicidade das questões, à amabilidade e à educação. Embarquei também eu neste sonho, porque o Wendell me fez acreditar. E foi com profunda alegria e uma certa ponta de orgulho que assisti emocionada ao brilhante discurso com que Wendell nos brindou ao receber o prémio. E não fui a única. Ao meu lado, no backstage, estava Neymar, e foi com espanto que me apercebi que também ele tinha lágrimas nos olhos. Deixo-vos um curto vídeo do backstage, que mostra este momento maravilhoso.

 

 

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Quando a gala chegou ao fim, a sensação de dever cumprido e de triunfo era quase palpável e estava estampada na cara de toda a gente. Diz quem sabe que foi o melhor Ballon d'Or em anos e eu acredito. Acredito porque vi o programa ganhar forma e conheço o brilhantismo que quem o dirigiu. Para o ano, lá estamos outra vez, que no que depender de mim, não voltarei a perder isto, por nada deste mundo.

FIFA BALLON D'OR 2015

E começou a contagem decrescente para a mais fantástica gala futebolística do mundo.

Se nos outros anos já ansiava por esta data com algum fervor e fazia questão de ir até à Red Carpet ver os meus jogadores favoritos de perto, este ano vai ser ainda mais fantástico por estar a trabalhar nos bastidores. A possibilidade de tomar parte activa de um evento desta dimensão é uma experiência extasiante e que, certamente, vai ficar na minha memória.

Depois conto como foi, mas até lá... Ronaldo, Messi ou Neymar?

Algum prognóstico desse lado?

 

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Hiking

Hoje o dia de trabalho será mais curto.

Às 11:00 partiremos da Home of FIFA rumo às montanhas para um dia de caminhada, workshops e team building.

Para mim, enquanto nova no grupo, este tipo de actividades são essenciais. Ajudam à integração, reduzem as distâncias e dão-me oportunidade de conhecer cada pessoa da minha equipa, mais como indivíduo e menos como profissional.

Quanto ao hiking propriamente dito, vai ser a primeira vez para mim, por isso não sei ainda muito bem ao que vou. Se sobreviver, conto como foi!

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