Faz por estes dias um ano (mais coisa menos coisa) que passei dez dias a viajar por África a trabalho. O reminder de uma foto de instagram fez-me pensar que metade das peripécias já se perderam nas linhas da memória e que se não registasse a outra metade o quanto antes, correria o risco de não mais me lembrar.
Foram 10 dias, 5 países e muitas noites passadas em aviões, mas vamos por partes.
A primeira paragem foi no Senegal, que faz fronteira com o Oceano Atlântico a oeste, com a Mauritânia ao norte e ao leste, com o Mali, a leste, e com a Guiné e a Guiné-Bissau ao sul. Um dos lugares mais curiosos do Senegal é o lago Retba, talvez o único no mundo onde a água é cor-de-rosa, resultado dos alto níveis de sal na água, que em alguns locais pode chegar aos 40%.
Fomos lá inaugurar um escritório local e quando aterrei em Dakar, a meio da noite, com a minha colega S., 60 quilos de bagagem cada uma e ninguém apareceu para nos vir buscar, já devia ter adivinhado o que aí vinha. Íamos carregadas com material para a inauguração e bolas de futebol e bandeiras e revistas e medalhas e mil e uma coisas. Sempre convencidas que o nosso colega no terreno nos ia buscar a ajudar com aquela merda toda. Mas alguém o viu? Nós não. Mil e uma chamadas depois, sem conseguir falar com ninguém, lá nos dedicámos à tarefa de encontrar um táxi. Fácil certo? Só que não. Não havia carro onde coubéssemos nós as duas mais a catrefada de malas. Todos os taxistas, que se sabe lá se eram taxistas mesmo porque o negócio dos táxis por lá é um submundo com vida própria, sugeriam que nos separássemos, cada uma a seu táxi. Iam vocês meter-se sozinhos num táxi manhoso a meio da noite em Dakar? Pois. Depois de muito discutir (felizmente falamos as duas francês), lá chegamos a acordo para irmos as duas no mesmo táxi e com malas até aos olhos. Entretanto, pelo caminho, a pessoa que nos ia buscar lá deu sinais de vida e acabámos à beira da estrada com o Everest de malas à espera que ele chegasse. Nessa noite (ou dia?) fomos dormir descansadas, a pensar que tinha sido só um percalço e o resto ia correr bem. Ah ah ah, inocentes. A estadia em Dakar correu sem mais percalços de maior, salvo com o nosso condutor que era um louco de chinelas, parente do Sena, e só não morremos 1492 vezes porque alguma mão divina nos amparou. Juro que em alguns momentos demos as mãos e dissemos adeus mentalmente às nossas famílias.
Dakar, do que vimos, é muito bonito, as pessoas amorosas e a comida maravilhosa.
De Dakar fomos parar a Nouakchott, na Mauritânia. Conto mais para a próxima.
Cinco anos depois de ter chegado a Zurique, e numa situação de absoluta necessidade, fui pela primeira vez a uma costureira, que afinal era um costureiro mas isso não interessa nada. Tenho em Portugal uma costureira querida e de confiança que me trata sempre de tudo durante as minhas férias, à velocidade da luz. Ainda assim, como era um caso de quase vida ou morte, porque preciso do meu uniforme de trabalho já amanhã e no fim-de-semana apercebi-me que as bainhas estavam uma miséria depois de usar as calças duas vezes (boa, alfaiate!), teve mesmo de ser.
Então lá fui e eis que, por ajustar duas bainhas e apertar dois pares de calças (aproveitei a viagem porque elas alargaram por demais, não vou dizer que emagreci!) paguei a módica quantia de 120 francos suíços. Mais de 100 euros. Bonito serviço.
Sendo que a minha actividade nas redes sociais é quase nula, tirando apenas o instagram que dá para fazer umas coisas engraçadas sem ter de aturar aquelas cenas pirosas e joguinhos da treta do facebook, é no linkedin que de vez em quando vou ficando a par do que vai acontecendo nas vidas de ex-colegas de faculdade, por exemplo.
Não sei se é curioso ou completamente previsível ver que aqueles mais fanfarrões, os que tinham a mania que eram os melhores da praça e agoniavam e rebaixavam os mais novos, mais calados, mais estudiosos ou mais sérios, aqueles que tinham uma conversa fiada daqui até à China e quem os ouvisse falar diria que conheciam meio mundo e dominavam outro meio, aqueles tão clássicos chico-espertos que toda a gente conhece têm hoje empregos de merda, ou pior que isso, continuam sem acabar o curso.
Sei que a situação laboral em Portugal não está famosa, ainda assim, a maior parte dos meus ex-colegas mais "normais" conseguiu arranjar emprego mais ou menos na área, dentro ou fora de Portugal. Parece-me que só os idiotas estão a colher aquilo que plantaram. E espero sinceramente que nos seus empregos tenham agora a oportunidade de conhecer o reverso da medalha.
Infelizmente vejo-me forçada a voar com a TAP mais vezes do que gostaria, mas juro, em dependendo de mim, nunca mais me punham a vista em cima.
Para além de ser uma das companhias aéreas mais caras da Europa (basta comparar o mesmo trajecto no site da TAP e da Swiss, algo que faço muitas vezes, para confirmar), sai-se de vez em quando com decisões destas, prepotentes e gananciosas. Como se os preços dos voos na época natalícia não rondassem já os limítes do ridículo...
Neste Natal, ide pró raio que vos parta, que nos vossos aviões é que eu não ponho os pés. Cambada de oportunistas.
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