Encontrei emprego na Suíça, e agora?
Fantástico, conseguiram emprego. Mas então e agora? Abalar assim do nada com a mochila às costas e dinheiro suficiente para lá chegar não é boa ideia. É péssima!
Vir trabalhar para um país como este implica muitos detalhes que podem escapar aos estreantes nestas lides de trabalhar no estrangeiro. Apesar de localizada na Europa, a Suíça não faz parte da União Europeia, pelo que chegar aqui com o cartão de cidadão no bolso não chega para cá ficar.
First things first.
Regra básica quando se vai trabalhar para fora, seja para que país for: Não sair sem contrato de trabalho em circunstância alguma. Se a empresa for fiável e tiver verdadeiro interesse, vai enviar o contrato antes da relocalização da pessoa em causa.
Contrato na mão, o próximo passo é encontrar um sítio para ficar. Se não tiverem a sorte de a empresa que vos contratou vos fornecer alojamento (temporário ou não), têm uma verdadeira odisseia pela frente. Arranjar casa cá é extremamente difícil, principalmente para estrangeiros e especialmente na parte francesa da Suíça. E não contem em conseguir encontrar alguma antes de cá chegar e fazer algumas visitas. O ideal é começar a pesquisa o quanto antes, no homegate.ch ou no comparis.ch e fazer contactos via e-mail / telefone. Preparem-se para passar alguns dias (na melhor das hipóteses) num hotel ou em casa de alguém, porque depois de arranjada a casa ideal e considerando que a vossa candidatura foi aceite (exactamente: existe uma lista de espera e é necessário preencher uma candidatura, para cada casa/apartamento), o processo que se segue não é especialmente célere. Há o contrato para assinar, a papelada para entregar e o pagamento da caução. Normalmente 2 rendas em avanço. E aqui chegamos a outro ponto muito importante a considerar:
Quem se muda para cá tem de ter, inevitavelmente, algum dinheiro de parte para fazer face às despesas que começar uma vida aqui implica.
A caução obrigatória quando se arrenda uma casa é normalmente o mais custoso. Uma renda para um T1 decente fora da cidade ronda os 1500 CHF. Aquando da entrada na casa há que pagar 2 meses de caução + a primeira renda. Façam-lhe as contas.
Depois há as despesas relativas a activações de serviços, registo na Gemeinde (tipo junta de freguesia, muito importante, não esquecer logo que se fixarem numa localidade!), seguros de saúde e por aí em diante.
Convém não esquecer que durante o primeiro mês não haverá salário, e considerando o nível elevado dos preços em geral, sobreviver aqui não é o mesmo que em Portugal.
Para que um cidadão Europeu possa trabalhar na Suíça precisa de um Permit (ou permis en Français). Nada mais que uma licença de trabalho e residência que tem de ser obtida na Gemeinde, apresentando o contrato de trabalho, a morada e algumas fotografias (e possivelmente mais qualquer coisa que não me recordo).
Quanto à saúde, não há cá mimos e segurança social promovida pelo governo. O seguro de saúde é privado, pago por cada indivíduo e obrigatório, e mais nada. É um dos primeiros requerimentos do empregador. Nada de pânico: nos primeiros dias, em caso de emergência e enquanto o seguro não está 100% operacional, podem usar o Cartão Europeu de Seguro de Doença que devem pedir em Portugal logo que saibam que vão sair do país (é que a coisa demora!). O melhor sítio para comparar preços de seguros e entender as mais variadas ofertas e opções é novamente o comparis.ch, o melhor amigo dos estrangeiros!
O empregador pode e deve assistir os seus recém-contratados aquando de uma relocalização. Mais que não seja, fornecendo informações de como e onde procurar o quê, e disponibilizando-se como referência no processo de avaliação de candidaturas para alojamento.
Finalmente, nem tudo são más notícias! Não se preocupem se a mudança para cá implicar falência técnica e quiçá empenhamento até ao tutano. Serão capazes de saldar as dívidas contraídas para o efeito facilmente em dois ou três meses de trabalho!