O jornalismo da tanga
Sendo Portuguesa e vivendo fora do país, é inevitável a visita diária aos vários jornais online para me inteirar da actualidade, já que não ouço rádio nem vejo tv portuguesas. Uma vez por outra, mais frequentemente do que gosto, lá me cruzo com um "exclusivo" de um qualquer site de notícias que não é nada mais nada menos que uma reprodução de uma publicação numa qualquer rede social de determinada figura pública.
A própria figura pública faz uma publicação qualquer tipo, sei lá, um vídeo do instagram a dizer "A primeira palavra da minha filha" e logo vem um jornal online com um título "Veja aqui, em exclusivo, a primeira palavra da filha da não-sei-quantos". Exclusivo para todos menos para os quinhentos mil seguidores da dita que já viram e reviram a história no dia anterior.
Não sei bem o que me chateia nisto, mas chateia. Chateia-me a dissimulação e falta de assunto. Chateia-me que queiram, ainda que apenas durante os escassos segundos que demora a abrir a notícia, fazer passar por sua uma informação que não o é. E chateia-me que se faça jornalismo assim, sem trabalho, sem esforço e olhem, sem nada.