E hoje foi o dia. Depois de já ter perdido a esperança, nem nos meus sonhos mais audazes me imaginava a ver o ídolo futebolístico da minha adolescência jogar, ao vivo e a cores. E hoje, foi com grande expectativa que desci do meu escritório para o ver espalhar magia no relvado da Home of FIFA.
Falho muitas vezes a relembrar-me do quão privilegiada sou, do quão agradecida me sinto por ter um trabalho fantástico, onde cada dia é mais surpreendente que o outro e onde sou muito, muito feliz.
O Luís está bom e recomenda-se, com um brilho incomparável, um ar jovial e o talento que todos conhecemos. Para mim, o melhor de sempre.
A qualidade do vídeo foi a possível, entre a câmara rasca do telemóvel e o tempo manhoso. Só mesmo para mais tarde recordar =)
Cinco anos depois de ter chegado a Zurique, e numa situação de absoluta necessidade, fui pela primeira vez a uma costureira, que afinal era um costureiro mas isso não interessa nada. Tenho em Portugal uma costureira querida e de confiança que me trata sempre de tudo durante as minhas férias, à velocidade da luz. Ainda assim, como era um caso de quase vida ou morte, porque preciso do meu uniforme de trabalho já amanhã e no fim-de-semana apercebi-me que as bainhas estavam uma miséria depois de usar as calças duas vezes (boa, alfaiate!), teve mesmo de ser.
Então lá fui e eis que, por ajustar duas bainhas e apertar dois pares de calças (aproveitei a viagem porque elas alargaram por demais, não vou dizer que emagreci!) paguei a módica quantia de 120 francos suíços. Mais de 100 euros. Bonito serviço.
Quando, em 2009, terminei a minha licenciatura, estava a trabalhar. Coisa que, aliás, fiz durante o curso inteiro. Como já levava uns anitos de trabalhadora-estudante na mesma empresa, havia muita pressão por parte da chefia para terminar os estudos e começar a trabalhar a tempo inteiro. E foi por isso que na altura, sem grande relutância da minha parte, de tão exausta que já estava, e sem muita insistência da parte dos meus pais, cujas finanças estavam a caminho da bancarrotice às custas da universidade, resolvi não seguir directamente para o mestrado como fez grande parte dos meus colegas.
Por outro lado, o curso que tirei era demasiado abstracto dentro da área (que é como quem diz, sabia lá eu para que é que me ia servir uma licenciatura em Línguas e Relações Empresariais) e eu não tinha a mínima ideia do que estudar a seguir.
E assim fui adiando. Acabei por sair da empresa onde estava, depois foi a mudança para a Suíça, entretanto o longo período de adaptação e uma fase intensa de auto-análise profissional onde fui aprendendo sobre aquilo que mais me dava gosto fazer e onde fui descobrindo os meus verdadeiros talentos e paixões. Entretanto cheguei a uma fase de estagnação no trabalho, já não me sentia desafiada, sentia que já tinha aprendido tudo e mais alguma coisa sobre aquela função e aquela empresa e aquele negócio. Estava verdadeiramente saturada.
E foi então que decidi voltar a estudar. Pesquisei muito, falei com muita gente, ouvi imensas opiniões e acabei por decidir fazer um MBA com a Universidade de Madrid que oferece a possibilidade de estudar à distância. Perfeito, foi o que me ocorreu na altura. Assim não tenho que reduzir a carga horária, posso continuar a trabalhar a tempo inteiro e logo me oriento com o tempo para estudar. Primeiro erro. E dos grandes. Um crédito (ECTS) equivale normalmente a 25-30 horas de trabalho. Para completar o MBA são necessários 60 ECTS, 54 se excluirmos a tese, façam-lhe as contas. Ah, esqueci-me de mencionar que me propus a terminar o curso em 2 anos e que a Universidade faz pausas nos meses de Dezembro, Fevereiro e Março, Julho, Agosto, Setembro e boa parte de Outubro. Sendo que os meses em que efectivamente temos acesso ao material dos cursos e podemos estudar se resumem a parte de Outubro, Novembro, parte de Dezembro, Janeiro, Abril, Maio, Junho e Julho - 7 meses mais coisa menos coisa. Mais uma vez, dizia-vos para fazerem as contas, mas eu já fiz. Ronda uma média de cerca de 7 horas por dia. E quem me dera a mim ter tanto tempo.
Mas não tenho. E estando agora na recta final, a caminhar a passos largos para Julho onde, hopefully, irei terminar o segundo e último ano desta treta... olhem, nem vos digo nem vos conto. E depois ainda vem a tese, para a qual não tenho ainda um coordenador nem nunca ouvi falar do tal, e não faço a mais pequena ideia do tema que irei abordar.
Quantas e quantas vezes me arrependi de ter voltado a estudar? Quantas vezes me apercebi que a vida me estava a passar ao lado enquanto eu passava os dias no trabalho (mais que muito) e as longas noites de cara enfiada nos livros? Quantos fins-de-semana quase dei em maluca sem por um pé na rua nem tirar o pijama? Juro, várias vezes, pensei estar a enlouquecer. Várias vezes achei que não conseguia mais, que ia desistir. Ainda assim, mal ou bem, às vezes com notas boas, outras nem por isso, lá fui passando a tudo, com muito, muito esforço.
Arrependi-me muitas vezes, sim. Não teria voltado a estudar se soubesse o que sei hoje. Ainda assim, sei que me arrependeria muito mais se não o tivesse feito.
Porque depois há toda a panóplia de questões em torno da razão pela qual voltei a estudar ou em que é que isso irá mudar a minha vida. É verdade que sou uma forte defensora da velhinha expressão "o saber não ocupa lugar" e acho sempre que vale a pena estudar mais qualquer coisa, aprender mais qualquer coisa, tornarmo-nos constantemente mais polivalentes e reinventarmo-nos. E depois há também a questão de progressão na carreia, cuja possibilidade aqui na Suíça caminha bastante em paralelo com o grau de estudos.
E eu tive que repetir cada uma destas razões para mim mesma vezes sem conta, assim em tom de mantra, de cada vez me me apeteceu mandar tudo à fava e ir estatelar-me em frente à televisão a enfardar pipocas.
Uma das vantagens de trabalhar ao lado do jardim zoológico é poder entrar gratuitamente durante a hora do almoço para comer num dos vários restaurantes do espaço. E eu, supra-sumo da racionalidade, tive a bela ideia de ir lá almoçar hoje. Sexta-feira. Dia de excelência para as mães que não trabalham a tempo inteiro levarem os seus petizes ao zoo. E eu poderia pôr-me aqui a falar do piqueno que vi a enfiar as mãos na taça das sementes do buffet de saladas, repetidamente, como quem se ensaboa. Ou da senhora que estava arejadamente a amamentar à mesa do restaurante. Ou do facto dos pais suíços não parecerem querer saber se os seus trambolhos pintam o diabo a sete (juro, em seis anos que levo disto, nunca vi um suíço repreender um filho seu, os dos outros sim). Mas, isto não é um post sobre educação infantil. E eu até gosto de miúdos. E não sei o que me espera quando for mãe.
O que eu queria mesmo vir aqui dizer é que fiquei admirada com a quantidade de adultos vs. a quantidade de crianças. Eu explico. Vi vários casos onde a trupe era formada por uma mãe (quase nunca um pai) e um mínimo de quatro crianças de idades muito próximas. E eu só quero que me expliquem como é que uma mãe consegue ter bravura que chegue para se atirar ao Zoo sozinha (salvo seja) com quatro infantes de três ou quatro anos. Pelo que pude ver, é o caos no momento das refeições e dos chichis, e até caminhar normalmente pelo jardim é um desafio. A certa altura era ver putos por tudo quanto era canto, espalhados pelo chão da casa dos macacos (fora das jaulas, calma) a dormir a sesta, uma pessoa parecia que ia a caminhar num campo de minas. E às mães, também essas espalhadas pelos cantos, por certo não lhes faltaria vontade de deixar as suas crias ali, entregues à outra mãe, a natureza.
Da peça de teatro já toda a gente ouviu falar. E eu quero muito, mesmo muito dedicar uma semana a Londres e aos "caminhos" de Harry Potter. Quero ir a King's Cross, e ao London Zoo onde o Harry, pequenino, descobriu que conseguia falar com cobras. Quero fazer a Warner Bros. Studio Tour e passear no Leadenhall Market e claro, assitir às duas partes da peça.
Tenho adiado esta viagem por vários motivos, sendo que o principal se prende com o facto de não me conseguir decidir sobre se irei fazer a viagem sozinha ou se me dedico a procurar outro(s) Potterhead(s), como eu, que embarque(m) na aventura. No meu círculo de amigos ninguém partilha ou entende esta minha paixão, que é talvez a maior paixão simultaneamente literária e cinematográfica que já tive na vida. O MQT devorou os filmes depois de alguma insistência da minha parte e até nem se importa de os rever, mas fica muito aquém de um verdadeiro fã da saga. Eu vi todos os filmes, mais vezes do que aquelas que me atrevo a admitir, li os livros em Português e em Inglês, devorei todos os documentários que existem e estou neste momento em plena absorção nos livros-audio (em Inglês-britânico, maravilhosos!!). E acho que só faria sentido embarcar nesta jornada em Londres com alguém que sentisse tudo isto da mesma forma encantada e apaixonada que eu sinto. Assim sendo, vou adiando, com a plena consciência de que não poderei adiar muito mais sob pena de perder a peça (em cena até ao fim de Maio). Enfim, decisions, decisions...
Mas dizia eu que J. K. Rowling (e mais um par de autores) está de volta com a edição do script da peça Harry Potter and the Cursed Child e eu estou aqui quase em fanicos para que o livro me chegue às mãos. Sei que muitos puristas e conservadores desta praça dirão que não se deverá remexer numa saga que já se deu por acabada, que é só mais uma forma de continuar a fazer dinheiro e que tentar continuar seria estragar e outras coisas que tais. Mas eu não quero saber, tenho muita vontade de continuar a descobrir este mundo fantástico e de saber o que mais pode sair daquela cabeça de génio cuja imaginação parece nunca ter fim. E que venham mais sete!
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