A boa notícia é que estarei de volta durante uma semana, a primeira de Outubro. E prometo que desta vez a primeira coisa que farei é correr para te abraçar e dizer que tudo vai ficar bem.
Hoje tive de levantar o rabo da cama de madrugada para ir lá para os lados de Berna assistir a uma inspecção. Já a hora de almoço tinha passado há muito e estava eu já toda cega com a fome quando conseguimos finalmente ir comer. Entrámos no primeiro restaurante que encontrámos à saída das instalações da fábrica e ficámos na esplanada. Parecia um lugar simpático e simples e o melhor: servia comida rápida, e rápido. Nisto chega a empregada: jeitosona, enfiada num top 5 números abaixo do dela, com um decote insuficiente para lhe tapar o muito que ela lá tinha e... de cuecas! Oh pá, isto já passava da hora do almoço, mas não eram mais do que três da tarde. E além disso estava um frio que nem vos conto. Sem muitas demoras a observar o que se me estava a aparecer pela frente, lá comecei a olhar em volta à procura dos cameramen, porque aquilo só me parecia o cenário de um daqueles programas de apanhados que os suíços adoram. Assim que percebi onde estava, engoli em seco. Tinha levado o meu inspector a almoçar a um Hooters. Não que ele tivesse ficado muito incomodado com o facto, e como eu também já não tinha energia para me arrastar até mais lugar nenhum, decidimos ficar. A comida era bem boa, a decoração um tanto ao quanto estranha e o wc... bem o wc parecia uma shop daquelas engraçadas com toda uma parafernália de produtos para adultos - tudo para venda. E eu que pensava que isto só existia nos states! Giro giro vai ser quando apresentar à minha chefe (só por acaso casada com um americano) uma factura do Hooters...
Já alguma vez tiveram que tratar de negócios com indianos? Pois... Primeiro há a barreira da comunicação: Se pensam que todos os indianos falam inglês com um ligeiro sotaque engraçado como se vê no programa das BFF da Paris no Dubai, ou no filme daquele miúdo milionário, desenganem-se. O sotaque está lá, sim... mas é tão intenso que torna toda a conversa impossível de ser percebida. Resultado: a pessoa do outro lado manda umas postas e eu, que não percebi nada, respondo uma coisa que não tem nada a ver. E vai na volta a pessoa diz mais umas coisas indecifráveis, e eu, com a sensação que ele não percebeu nada do que eu disse, repito tudo outra vez mais alto e mais lentamente na esperança de passar a mensagem. Sabem que mais? Nada. Não chegamos a conclusão nenhuma e tenho sempre que acabar por gritar "I'll send you an e-mail ok, IS THAT OK????" Mas a questão não fica por aqui... Não quero mandar para o ar que todos os indianos são assim, não, claro que não, só alguns. Mas é que as alminhas nem os e-mails percebem e respondem tudo trocado e tipo... nada a ver! E uma pessoa volta a repetir tudo, com umas maiúsculas e uns negritos e uns subrinhados, na esperança que se faça luz. E foi isso que eu acabei de fazer. Vamos lá ver se o querido do colega percebe de uma vez por todas aquilo que é preciso antes que eu perca a paciência e vá aprender umas coisas engraçadas para lhe dizer, em indiano!
Só hoje senti Que o rumo a seguir Levava pra longe Senti que este chão Já não tinha espaço Pra tudo o que foge Não sei o motivo pra ir Só sei que não posso ficar Não sei o que vem a seguir Mas quero procurar
E hoje deixei De tentar erguer Os planos de sempre Aqueles que são Pra outro amanhã Que há-de ser diferente Não quero levar o que dei Talvez nem sequer o que é meu É que hoje parece bastar Um pouco de céu Um pouco de céu
Só hoje esperei Já sem desespero Que a noite caísse Nenhuma palavra Foi hoje diferente Do que já se disse E há qualquer coisa a nascer Bem dentro no fundo de mim E há uma força a vencer Qualquer outro fim
Não quero levar o que dei Talvez nem sequer o que é meu É que hoje parece bastar Um pouco de céu Um pouco de céu
Quem pensa que trabalhar com suíços é fácil, está redondamente enganado. Principalmente quando a pessoa em questão inclui uma mistura manhosa de suíço com grego e hipocondríaco. Caríssimos, apresento-vos a minha adorada coleguinha de trabalho. A única pessoa, além da chefe e de mim, a trabalhar na minha equipa. A única pessoa com quem realmente tenho de partilhar o dia-a-dia, as tarefas e os stresses, e é isto: uma maria-das-dores de ego recalcado por não mandar nesta merda toda, e cada vez mais fula por uma miúda vinda do fim do mundo (um pouco arrogante julgar assim Portugal quando se veio de um país como a Grécia há meia dúzia de anos...) lhe estar já a ganhar aos pontos. A coitadinha sofre de asmas, reumatismos, renites, estomatites, gripes e enjoos crónicos e suspeito que também de algumas limitações mentais. E não, não tem mais de 30 anos. E sim, ela é doente mas é da cabecinha! Se há pessoas com sorte nestas coisas, uma delas sou eu. Então na semana passada, a coleguinha resolveu transmitir uma informação errada a um cliente que nos fez perder dinheiro. Como qualquer pessoa com dois dedos de responsabilidade faria, chamei-a a atenção de que a informação que estava a transmitir não era correcta e que o melhor seria recontactar o cliente (a chefe está de férias se não elas mordíam-lhe be pior!). Sua excelência do reumático ficou tão ofendida por ser corrigida aqui pela miúda que me descancou com expressões do género "Não metas o teu nariz nas minhas coisas!". Eu eu cá para os meus botões pensei tu és parva todos os dias, deixa-te andar que quando a parvoíce te cair toda em cima, não vai haver quem escave um buraco para te tirar de lá... E deitei mãos ao meu trabalho que era mais que muito e não havia tempo a perder com detalhes. Mas de cada vez que tenho de me ausentar do escritório (para férias ou saídas em trabalho) e deixo uma lista das minhas tarefas mais urgentes que precisam ser feitas, sua senhoria da agonia nem lhes toca, e quando cá chego cai-me sempre uma avalanche de reclamações por prazos não cumpridos. E eu como estou farta que me ponham a pata em cima (ou tentem) decidi que ia começar a pagar na mesma moeda. E assim foi: A madame dói-me-tudo decidiu que trabalhar a semana toda era demasiado pesado para uma pessoa com tantos afazeres (solteira, sem filhos e sem nada que a ocupe, mas com tantas idas ao médico, não sobra mesmo tempo nenhum) e por isso toca de reduzir a carga horária para 80%, e agora não trabalha às Segundas. Então na Sexta que passou antes de sair, toca de me atulhar com tarefas "urgentes que teriam todas que ser feitas na Segunda", e como ela não estava cá, eu tinha mesmo que as fazer... Por entre outras coisas chatas, estava uma factura de imensas páginas para aí com uns 500 items para verificar um a um, que me ia fazer perder um dia naquilo e era uma seca descomunal. O tanas! Ficou tudo por fazer, tal como a coleguinha adorada me ensinou, assim meio que rematado com um ups... não tive tempo. Mas a gaja deve pensar que sou alguma otária que para aqui anda, porque hoje, quarta-feira, retornou-me com a malograda factura (que já era urgente na sexta que passou): Eu tenho muitas coisas para fazer, por isso faz isto sff. Levou com um não redondo e ainda ficou extremamente chocada com a minha justificação já treinada vezes sem conta, pronta para ser disparada numa situação como esta. Olha querida, eu sei que não te apetece mesmo nada fazer isto porque dá imenso trabalho e é tremendamente chato, mas infelizmente eu tenho mais que fazer e além disso... não meto o meu nariz nas tuas coisas!Toma que já almoçaste. Atirei-lhe com um olhar de se te metes comigo arraco-te os olhos ouviste bem? E acho que ela ficou a perceber a cena. (Só tive pena de ter sido obrigada a falar-lhe em Inglês, caso contrário ainda tinha levado com umas amistosas expressões em bom Português). Subentendida ficou a ideia de que aqui a miúda gosta pouco que a pisem, por isso põe-te a pau que lá na minha terra comemos marias-das-dores como tu ao pequeno almoço!
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