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peripécias de zurique

peripécias de zurique

A senhora do catering

O meu colega de equipa e compincha de todos os disparates e asneiras desta vida vai casar na Sexta-feira que vêm. À bela maneira portuguesa (e Grega) eu e a maria-das-dores ainda não tínhamos comprado o presente de casamento. E como estávamos sem tempo e eu não tinha paciência para pensar em nada, assenti à compra de um voucher da empresa de catering do casamento (não perguntem, não faço ideia...).
Ora acontece que a futura esposa do meu compincha é italiana e a empresa de catering é uma coisa assim muito familiar, muito tradicional, muito coiso. Nada de comprar os vouchers pela internet, há que lá ir presencialmente. E assim, hoje à hora do almoço lá fui eu mais a maria-dolorosa à bottega.
Assim que chegámos vimos logo a cena: uma empresa familiar constituída por uma pessoa só: uma senhora italiana roliça e castiça que só ela, daquelas seguríssimas de si e das suas decisões. Que é como quem diz, com a mania que sabem tudo.
A senhora, muito prestável, adiantou-se-nos e anteviu as nossas necessidades (?) e vai de comprar um postal para oferecermos com o voucher ("Ah e tal, se não gostarem não precisam de ficar com ele... mas vão adorar!). Já estava eu toda contente a pensar que me tinha poupado à trabalheira de correr mundo em busca do postal ideal quando a senhora italiana saca duma coisa enorme, brilhante, dourada e multicolor e assim... uma piroseira fenomenal. A coisa piora quando ela, com um sorriso tão ou mais vistoso que o postal, abre o dito cujo e ele começa literalmente a gritar "Can you feel the love tonight... tonight!". Pois.
Durante uns 10 segundos, eu não consegui mover um músculo. Para ali fiquei de boca aberta e só ao fim da terceira cotovelada da maria-dói-me-tudo é que me apercebi que ela me estava a perguntar o que é que eu achava. No canto da sala um casal de provavelmente noivos ria a bandeiras despregadas. E eu, que até ali não tinha tido reacção, já só me apetecia rir que nem uma perdida. A maria-ai-que-estou-tão-mal já se contorcia toda com o riso dissimulado, mas a senhora italiana continuava expectante, esperançosa e a sorrir. E eu não tive coragem para a desiludir. Vai na volta, em vez de dizer que aquilo estava para um casamento como o Zé Castelo Branco para a música (way too much!), lá desencantei que a noiva era bastante discreta e que se calhar não era bem o estilo dela, e que... pois. Não. Desculpas pedidas ainda fui obrigada a enfrentar a cara de desilusão da senhora italiana. Juro que ela quase chorou de desgosto.
De regresso ao escritório, escusado será dizer que passámos a tarde quais Elton-John-sentimentalonas a cantar a plenos pulmões enquanto o meu compincha se queixava de quanto aquela música era horrorosa. E mesmo tendo combinado com a maria-das-maleitas que o episódio só seria contado depois do casamento, claro está que a meio da tarde já eu me tinha desbocado toda.

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